quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CAPÍTULO 1

Ele estava no ar olhando para o céu, em um instante o chão não exercia mais força sobre seu corpo que plainava como uma nuvem. Um sorriso em seu semblante o fazia esquecer-se de toda a situação que se encontrava e sentir apenas o vento que fazia seu sobretudo negro tingido de sangue e seus cabelos longos e escuros dançarem ao ar livre.
Aos poucos o céu começou a se afastar e o chão o puxa com imensa força, como se o quisesse lembrar que não possuía asas para voar, mas mesmo assim, caia com graça e como se estivesse dançando em câmera lenta pelo céu. Neste instante Crucius voltou a lembrar de onde estava vindo os pequenos pedaços de vidro da janela que dançavam ao céu redor competindo para ver quem cairia no chão mais rapidamente. Ele lembrou que iria morrer, pois uma queda daquela altura da torre do castelo era fatal. Neste instante fechou seus olhos e pode fugir daquele momento com seus sentidos. Lembrou-se do toque dela com seu tato, da melodiosa voz dela com sua audição, do doce aroma dela com seu olfato, da inebriante imagem dela com sua visão e do sabor de seus lábios com seu paladar.
Abriu seus olhos, e sabia que mesmo seu algoz tendo o lançado para uma morte certa, ele aceitaria sua morte em paz, pois ao lembrar-se de sua amada ele teve a certeza de que viveu de verdade. Crucius sabia que o inferno o esperava, pois sua cota de pecados era suficiente para condenar três vidas inteiras. Sempre acreditou que sua vida possuía um propósito maior, que faria algo grande, mas enquanto as nuvens se afastavam, ele percebeu que ou esteve enganado ou estava morrendo antes da hora.
Em sua mão estava à espada de lâmina negra e adornos vermelhos, sendo limpa pelo vento que retirava as gotas de sangue daquele que o arremessara da torre. Lembrou-se de seus companheiros que o apoiaram em sua jornada, dos muitos que deram suas vidas para somarem a sua força. Lembrou-se de tantas coisas e ficou assustado de como poderia lembrar-se de todas elas em um espaço tão curto de tempo que era uma queda. Fechou seus olhos sabendo que não os abriria mais, e adormeceu como se estivesse cansado de uma longa viagem.