Crucius ainda estava atônito, sua mente tentava se estabilizar em meio
aquele turbilhão de sentimentos e fatos que se apresentavam. Num ato instintivo
tentou levantar sua espada, mas notou que suas mãos estavam completamente
vazias.
-Então está é a famosa Rainha Vermelha, a espada que dizimou vários
demônios nas guerras demoníacas enquanto empunhada por suas mãos – Dizia aquela
mulher enquanto segurava uma espada imponente, com cerca de um metro e vinte de
lâmina negra com uma listra vermelho sangue em seu centro, e um cabo de trinta
centímetros também vermelho, que era protegido por um guarda mão que lembrava
as asas de algum animal.
Ficando de pé, Crucius indaga: - O que queres de mim vil criatura? Se me
salvou de morte certa para viver sem minha amada, melhor nem ter se dado ao
trabalho. Se és mesmo um demônio e sabes de meus feitos contra os de sua raça,
deveria me ver como um inimigo.
Após uma pequena risada ela diz: - Eu tenho meus motivos para ter lhe
salvo a vida, mas um deles é que gostei de você, e tenho uma proposta a lhe
fazer – Ela caminha até Crucius com seu longo vestido vermelho incrustado de
rosas de igual cor, longas faixas negras que se ligavam até um espartilho
também negro. Em seus braços mangas vermelhas com faixas negras e laços que se
estendiam até uma luva preta, que deixava suas mãos brancas como a cor do mais
puro leite a mostra. Seu cabelo era de um vermelho intenso que contrastava com
sua face branca como pérola. Seus olhos eram cor de mel e ostentavam uma
maquiagem negra, e seus lábios brilhantes e carnudos possuíam um tom de doce
escarlate. Suavemente ela faz uma singela caricia em seu rosto, o fazendo
sentir o deslizar daquelas unhas grandes e tingidas de rubro – Sei de todos os
seus pecados, seus pesadelos e sonhos. Sei que você lutou por seu reino nas
guerras demoníacas contra nós e depois recebeu o desprezo do mundo a qual
protegeu.
Incomodado, se sentindo nu diante dela, ele se esforça para manter sua
guarda alta: - Você não respondeu minha pergunta, Porque me salvaste?
Ela chega ao pé de seu ouvido e sussurra, o envolvendo com seu doce
aroma de luxúria e volúpia: - Se quiser continuar seu percurso, a janela esta
ali e prometo não me opor desta vez, mas adianto que você esta sendo esperado
com pompa nas profundezas abissais. Afinal você usou esta lâmina para matar
muitos de nós. Em seu caso eu não ficaria tão eufórico com esta partida.
Ela anda pela sala com seu vestido negro e escarlate como se fosse
conduzida pelo vento em uma dança suave. - Diga-me o que tu mais desejas e eu
posso te conceder meu doce Crucius. É uma oferta que poucos têm a oportunidade
de receber.
Com determinação no olhar ele responde para a demônio: -Não confio na
palavra de um demônio, além do mais, nesta vida tudo tem um preço.
-Tudo tem um preço, mas estou lhe dando a chance de negociar, e quanto a
minha confiança...
Crucius observa espantado que sua espada esta novamente em suas mãos.
-Vamos meu doce Crucius, sei que você esta se sentindo culpado pela
morte de sua amada, e sei que neste instante o que mais deseja no mundo é
reparar este fato, não estou correta? – Um sorriso malicioso se formou no
semblante daquela mulher. Crucius olhou para o corpo de Armand já sem vida,
olhou para sua amada Saira caída ao chão, inerte e envolta em sangue, a tomou
em seus braços docemente como uma mãe que põe o filho para ninar e deu um doce
beijo em sua testa. -Eu faria qualquer coisa por ela.
A demônio desfere uma risada venenosa e cheia de luxuria e êxtase que
enche todo o ambiente, e caminha até Crucius lhe estendendo a mão. -Então te
levanta, pois meu preço será módico diante de tão caro desejo.
Crucius conhece os demônios, sabe que não se pode confiar em tudo o que
dizem e que por mais sedutores e amistosos que possam parecer, possuem em
grande parte das vezes propósitos nefastos. Ele levanta sem a ajuda da mão dela
e responde fitando os olhos de sua salvadora: -Se queres minha alma então a
leve, mas antes quero presenciar que cumprirá sua palavra e minha amada esterá
sã e salva.
Uma nova risada é desferida com tom de deboche. -Não quero tua alma, ao
menos não neste momento. Preciso de tuas habilidades, de tua força e
experiência para realizar alguns trabalhos em meu nome, nada que você já não
tenha feito em outrora.
- Se eu cumprir seus desígnios, minha amada ficará viva e bem?
- Certamente. Sua doce Saira voltará à vida exatamente como estava antes
de perdê-la.
Com relutância, mas sem muitas opções para salvar sua amada, Crucius
aperta o cabo de sua espada e diz: - Eu aceito, farei o que você pedir em nome
de Saira.
Com um gesto lento de mãos, a demônio o chama e diz: -Então venha até
mim, para selar o compromisso exijo um beijo – Crucius olhou aqueles lábios
semi-abertos com uma cor rubra e brilhantes, tão desejáveis e luxuriosos que
faziam seu sangue aquecer.
Mesmo com a voz em seu interior alertando sobre o perigo desta decisão,
ele caminha lentamente até aquela figura carmesim, e desfere um beijo que
aqueceu todo seu corpo. O gosto era doce como a fruta mais madura e fresca que
já havia provado, e ao mesmo tempo lembrava sangue. Novamente ele foi envolto
pela áurea de luxuria e devassidão que tornou rubro tudo ao seu redor.
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